Outro domingo
E desta vez, não saí sem destino por essas ruas frias...
Não foi apenas o clima que me desmotivou (apesar de estar me adaptando ao clima local, quente, eu que sempre gostei mais do frio); ando um tanto recolhido ultimamente. Nem ao meu farol neste mar de cana-de-açúcar tenho ido: a recente e insistente propaganda pró álcool como a salvação do país e do planeta(!) me indispôs com o meu destilado favorito; além disso, tenho questionado minha necessidade de entorpecimento alcoólico para conseguir inspiração. Sequer precisei dele em minhas últimas tentativas poéticas... Dos resultados, nada digo.
Veja você, caríssimo leitor: as coisas mudam, contra todas as expectativas!
De qualquer maneira, os fatos não ajudam, por aqui: a monotonia local não é favorável a quem queira passar impressões da vida em palavras; ou então, já não sou capaz de descobrir tais impressões...
O recurso da imaginação, igualmente, parece enrijecido pelo clima, (ao menos p/ mim) surpreendentemente friorento. Melhor seria nem tentar escrever.
Mas há a necessidade, a ânsia de expor alguma coisa, alguma marca que o exterior tenha deixado cá dentro, ou uma impressão do meu olhar sobre o mundo lá fora. Hoje, porém, nem isso me acorre. Fica apenas a ânsia de escrever, escrever... Acordei num dos meus dias poenianos: "num domingo agreste, enquanto eu cismava, lento e triste...”
Hehehe! "Nunca mais?"
Hoje me descubro simplesmente saudoso de você, que tem acompanhado esse diário de viagem para lugar nenhum. Gostaria de brindar à sua saúde, com um bom vinho tinto seco de mesa (para mim, o único que existe; para você, aquele de sua preferência), nessa tarde/noite fria, sem a distância que nos separa, sem esses cabos que nos unem, pelo menos uma vez. Quem sabe, um dia?
Posto que o amanhã tu desconheças,
Tua felicidade no presente trame;
Senta-te ao luar e bebe, enquanto pensas:
"Amanhã, talvez, em vão a lua me chame."
Omar Khayyam
3 contrapontos:
Sincronicidade interessante... cá estava eu, na casa duns conhecidos, num churrasco, enclausurado no quarto esperando o tempo passar (sem cerveja a vontade de comer desaparece), e entre um gole de pepsi e outro, apenas pra ter o prazer de sentir o álcool no sangue de novo, eu coloquei um pouco de vinho tinto seco no refrigerante (eu normalmente prefiro o suave, mas quando não tem escolha)
Essa proibição repentina que a minha mãe me impôs só servirá pra isso: me fazer beber escondido!
Um brinde a ti e a teus escritos!
Oi querido,
Devo confessar que gostei desse texto, além de escrever muito bem, achei desencanado,gostei da simplicidade, da linguagem direta...
E a tradução de Omar Khayyam..hum, lindo..
Brindaria com você se nao estivesse me afogando em xaropes pra tosse
Grande Beijo
Opa vinho!!!!Quando???...rss
Quem me dera, faz tempo que não sinto nem o cheiro, mas seria legal beber vinho, jogar conversa fora sem pensar nos problemas.
Domingo é mesmo um diazinho xexelento...
Bj
Rê
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