29 de jan. de 2009

Nasce um profeta!

Zaratustra Jr. tinha por ocupação recolher o lixo das ruas daquele lugarejo; não era missão das mais fáceis, pois ele diversas vezes pensava se deveria recolher, juntamente com os restos nos caminhos, as pessoas que os jogavam.
Certo dia, numa rua do suposto centro da cidade encontrou, entre os costumeiros dejetos, um macaco morto.

— Que diabo isso está fazendo aqui?!

Ao tentar jogá-lo na carroça, outra surpresa:

Que está fazendo? Não pode pôr isso aqui não!
E faço o que então, deixo na rua?
Claro que não, o lugar desse bicho não é na sarjeta...
Então...
...mas na carroça ele não vai.
E o que eu faço com ele?
Sei lá, leva pra carrocinha...

E lá se foi Zaratustra Jr. Mas no referido local se recusaram a dar guarida ao cadáver: "Aqui nós cuidamos só de animais domésticos, e macaco é bicho do mato", disseram. "Tenta no IBAMA..."
Convém dizer que a pequena localidade era afastada da civilização, o que talvez fosse uma vantagem, no geral; mas nesse caso em particular tal fato chegava a ser um transtorno: nada de IBAMA, nada de crematório, nada de nada. Zaratustra Jr. percorreu todo o lugar procurando se livrar do defunto, sem resultado; houve mesmo quem pensasse as coisas mais absurdas a seu respeito:

Você matou seu irmão e agora quer que eu dê fim no corpo?
Irmão? Irmão é a puta que o pariu!

Ao cair da tarde, percebeu que a sociedade e suas instituições não resolveriam aquele problema, que passou a ser dele; então, se encaminhou para um matagal na periferia, arrastando consigo o símio morto. Chegando embaixo de uma árvore, largou a carga e
pôs-se a meditar:

Mas será possível? O que vou fazer com essa porcaria agora? Preciso de uma luz, um sinal, sei lá...

Foi então que algo o atingiu. Na cabeça.
Zaratustra Jr. olhou para cima e viu um urubu pousado bem acima dele; aquilo o fez ficar fora de si:

Ah, maldito miserável, é assim, é? Nesse jogo jogam dois!

Assim dizendo, agarrou o macaco pelo rabo, girou com toda a força e atirou-o no fatídico pássaro da morte, acertando-o em cheio e derrubando-o de seu poleiro. Ao ver os dois animais jazendo lado a lado, gritou em triunfo:

Pra mim chega! Fiquem aí mesmo vocês dois e que se dane a saúde pública! Que cada um cuide de seu próprio lixo!

Tomada a decisão, desafiado o Destino, assim saiu Zaratustra Jr. pelo mundo, com apenas um pensamento fixo:

Como é que eu vou limpar essa merda?! Saco!



31/01 - Como não podia deixar de acontecer, eu esqueci de mencionar os outros 'episódios' da série: , e .

26 de jan. de 2009

Ao Mestre, com Horror (19/01: 1809 — 2009)

Edgar Allan Poe, Annabel Lee e um "amigo"



Duzentos anos de seu nascimento!
Eu merecia estar amarrado sob o Pêndulo, por ter esquecido!

24 de jan. de 2009

Maybe I repent...?



ANYBODY SEEN MY BABY?
(M. Jagger/K. Richards/K. D. Lang/Ben Mink)

She confessed her love to me,
Then she vanished
On the breeze.
Trying to hold on to that
Was just impossible!

She was more than beautiful,
Closer to ethereal;
With a kind of
Down to earth flavor...

Close my eyes,
It's three in the afternoon...
Then I, I realize,
That she's really
Gone for good!

Anybody seen my baby?
Anybody seen her around...?
Love has gone
And made me blind,
I've looked but I just can't find.
She has gotten lost
In the crowd...

I was flippin' magazines,
In that place on Mercer Street;
When I thought I spotted her!

Getting on a motor bike,
Looking rather lady like:
Didn't she just give me a wave?

Salty tears,
It's three in the afternoon...
Has she disappeared,
Is she really gone for good?

Anybody seen my baby?
Anybody seen her around...?
If I just close my eyes,
I reach out
And touch the prize.
Anybody seen her around?

We came to rock for Brooklyn
And Queen, and Manhattan
And The Bronx, and Staten Island
I can't forget New Jersey, and Long Island
And all over the world,
We came to rock for everybody like this...

Anybody seen my baby?
Anybody seen her around?
If I just close my eyes,
I reach out
And touch the prize!
Anybody seen her around?

Lost, lost and never found!
I must have called her
A thousand times!
Sometimes I think,
She's just in my imagination...

Lost in the crowd

23 de jan. de 2009

Domínio Público online

Tenho visto alguns poucos apelos pelas visita e divulgação do portal Domínio Público, sintomaticamente sempre por parte de professores; como conheço de certa data esse pequeno tesouro desencavado pelo "nosso" governo (normalmente pouco preocupado com a cultura do país), penso que devo fazer minha parte divulgando-o.


O acervo inclue livros em prosa e verso, teses/dissertações diversas, arquivos sonoros, vídeos e imagens das mais diversas fontes nacionais e estrangeiras e só não as tem mais devido ao baixo número de acessos, que ameaça o portal de descontinuação. Daí minha sugestão aos leitores para que visitem e divulguem o endereço, não só pela conservação da interessante coleção já disponível, como para incentivar a sua ampliação já que, estranhamente, o próprio Ministério da Educação parece não se interessar em fazê-lo.


Acredito que valha uma conferida, mesmo que por mera curiosidade; afinal, nunca se sabe que tesouros ocultos não se acham... ocultos!

20 de jan. de 2009

Mais uma tempoRada do Grande Circo Global estréia!




E nós, como sempre, somos os palhaços.

(A nova foto é de uma manifestação na Austrália)

18 de jan. de 2009

That's the Question



Why, anyway?

15 de jan. de 2009

O Vórtice

Tudo foi engolido, tudo está sendo arrastado até o fundo. O fundo daquele poço que eu tenho ignorado há tanto tempo, por tantas vezes.

... por ser eu mesmo. Não é estranho?

Não é uma piada de mau gosto descobrir que, quanto mais se pensa se conhecer, menos se sabe quem realmente se é? Que todas as virtudes autoatribuídas (acho que inventei essa palavra ou sua grafia agora) não passam de fantasias, que todos os defeitos autoatribuídos são heranças inconscientes? Que tudo tudo que parecia realidade sólida não passa de ilusão?

Quantas vezes esses pensamentos já não me passaram pela cabeça? Quantas vezes não passaram pelas cabeças de todos os outros ratos cegos que, como eu, erraram e ainda erram por esse labirinto interminável, essa sucção maldita que nos puxa para o centro do Nada, isso que chamamos de Vida? Isso que ainda é um dom, um dom que não largaremos facilmente; pelo menos enquanto as inexoráveis leis cegas da Biologia que não entenderemos jamais (special thanks to Lovecraft) continuarem nos empurrando em direção ao Abismo que é nosso destino final, que tememos sem conhecer, que desejamos sem nos darmos conta...

Quem somos nós, afinal? O que queremos, o que tememos? O quê?

Um telefone toca, chamando do infinito; uma estrela cai aos nossos pés; alguém pede um dinheiro trocado e um mínimo de atenção:
“— Ei, criatura! Eu existo, não está vendo?!”

Tudo isso acontece. Nós não vemos. Ou vemos sem perceber, o que dá na mesma.

Como os redemoinhos que alguns “sábios” insistem em dizer que não giram em sentidos contrários relativamente ao hemisfério da Terra em que se encontrem. Como o vórtice que gira no sentido em que quer.

Apesar dos sábios. Apesar de nós.

9 de jan. de 2009

Homem de Palha




Queime! Queime consigo nossa comida, nosso abrigo, nossas esperanças, nossos medos.

Queime!

Amanhã nosso suor voltará a irrigar os campos, as ruas, as casas.

Queime!

Ontem nossos pais fizeram o mesmo que nós.

Queime!

Nossos filhos, esperamos que honrem quem lhes deixou tudo isso.

Queime!

Queime!

Queime!

8 de jan. de 2009

Deadline

I

You’ve came into this World of ours,
All clean & unharmed, untainted,
By the Door of the Flesh of your flesh:
Your primal Cry resembles
The Music of the Spheres!

You’ve increase in Strength & Joy
In spite of Blockages put in Your Way
(for your Wanderings may be Perilous):
So, You have learnd, so very soon,
The spelling of the All-encompassing Word “No”!

Then came the Heavy Chains
Of Education, Religion & Duty:
To Others, to Institutions & Conscience.
This three Parcas will lead You,
In Slavery, ev’ry moment of Your Existence!

— To & fro in Monkey Business —
— To & fro in Your Opinions —
— To & fro in Lust Debauch —
Taking another poisonous gulp,
Never daring to Raise Your Head!

Stressed in ev’ry Step of Yours,
Leading Your Life to common Void,
You feel Your Time slippin’ away:
You wished to turn, there’s no Way Out
This Rat Race got You all embraced!

II

But suddenly, a Voice from Beyond,
Cameth to Thy wrecked Life,
The Call of Bloody & Wild Sanity:
To broketh the Bonds, to taketh the Chains
That turns Thy real Self from Thee! 

Feel that Sad & Useless mummy
Called “me” for so long a Time,
Crumbling as a Bad Dream undone;
Filling Thy Spirit with Fear & Despair:
The mark of the True Rebirth that Cometh!

“So the Time arrived, at last,
And the Dreams, they are all lost,
Your daily Deeds, they were all wrong.
There’s no more Judges to Deem:
The Sentence has last to long!”

Flaming & Singing Thy Spirit would flee,
For the Throne of Hell lies vacant now,
And there is no Paradise to go to:
The Gods, all Dead & Rotten,
With the Bygone shadows of Hope...

Behold the Gate, there lies that cursed
Dark Temple, with it’s sobber Altar,
Brave It! For there are waiting for Thee 
One more Sacrifice to perform:
Consume the Flesh of Thy Past [that’s Faith]

And throw It’s bones into the Fire,
Which is sacred Bliss & Madness indeed!
End — at last. Seat the Trembling Soul 
At the Shrine of the Being:
The center of the Maze of Thyself...

6 de jan. de 2009

Quanto mais as coisas mudam, mais continuam as mesmas


  • Novos prefeitos tomam posse de nossas vidas;
  • Nino Carta continua a ser submisso, de uma fidelidade canina;
  • Um novo Kennedy ascende ao trono do império;
  • O quintal do império corre um perigo cada vez maior;
  • Jesus Cristo ainda tem esperanças de ser confirmado;
  • E com ele toda a merda que vem atrelada;
  • O Estado se desincumbe de suas obrigações, mas não de arrancar o dinheiro de nossos bolsos;
  • Esse dinheiro vai para as contas em paraísos fiscais de empreiteiros e banqueiros;
  • E nós aceitamos isso de bom grado;
  • E temos a desfaçatez de reclamar da vida;
***
  • Três reis magos seguem uma estrela para o fim do mundo;
  • As bombas caem como lágrimas na Palestina;
  • Nós blogueiros conquistamos a Internet;
  • Interesses escusos tentam nos conquistar;
  • A televisão continua pondo esse país de quatro;
  • E esse país continua gostando de ficar de quatro;
  • O clima da Terra tropeça e a farsa do “aquecimento global” disfarça o verdadeiro problema;
  • Teorias de conspiração multiplicam-se como bactérias;
  • Vocês continuam vindo aqui, sabe-se lá por quê;
  • "O mundo todo é um palco e os homens e mulheres meros atores";

E o espetáculo tem de continuar.

5 de jan. de 2009

Matrix








Estou de olho em vocês...