1 de dez. de 2010

Lista de Fim de Ano (xii...)

Contactar todos os meus amigos (pois o são para mim) de blog e por a "conversa" em dia.


Só quero ver se consigo...!

Sinestesia

Minhas quarta-feiras verdes já não cheiram a lá bemol — enquanto meus dedos tocam uma distância amarga como o número três...

9 de out. de 2010

Alguns Títulos de minhas Obras Onírico-Imaginárias:

Singulariclast 15 mg e Outros Venenos(Ensaios sociológicos anarquistas)


A Bottle of Vintage Hell (By a Lost drunkard Soul)
(Contos, poemas e ensaios etílicos-inglês)

Assassinatos Divertidos(Romance cyberpunk dadaísta)

De Risadas de Crocodilo e Lágrimas de Hienas(Ensaios políticos surrealistas)

Mirrors of Smoke (and Castles Made of Darkness)(Contos ilustrados-inglês)

A Volta no Saca-rolhas(Peça teatral necromântica em dois atos)

Apologia a Delírio dos Perpétuos(Escrita automática)

The Napkin Leon of Chester Hell(Romance histórico [Revolução Industrial]-inglês)

¿Quien Sabe? (To the memory of Jorge Luis Borges)(Novela lovecraftiana-inglês)

A Porta no Final do Corredor e Outras Portas(Contos)

Matrimônio do Dragão Negro e da Fada Verde(Desenhos e aquarelas)

O Tormento do Escorpião(Crítica Literária)

Devoradora de Mundos(Teoria econômica)

Passou por Aqui e se Foi (Mão da Glória)(Contos e fragmentos)

Sombras de Vilanelas e Trioletas(Poesias ilustradas)

Sopa de Cabeça de Bode(Ensaios sobre músicas dos Rolling Stones)

Tijolo de Veludo(Songbook)

Liber Caldariae Magicum Digitalis vel Electrochemia:
  • Baixando Espíritos Familiares com Bit Torrent;
  • Exorcizando Back Doors Daemons (correntes de e-mail);
  • Entendendo Anjos Instantâneos;
  • Cyberxamanismo for Dummies;
  • Hackin’ Chaos Theory (beta version);
  • Black Magick Corporate IT (pun not intended);
  • Acronymistic Sigils 2.0;
  • Astrologia Relativística;
  • Interpretação de Augúrios em Peças Publicitárias, Canções da Moda, Estados Narcórticos e Delirium Tremens;
  • Quadrados Mágicos Quadridimensionais e Outras Receitas de Bolo
(Grimoire informático multilingüe online)

Omnia Interit - Café dans Malebolge(Autobiografia estilizada)

2 de set. de 2010

O Compromisso

Fama cantando pelas estradas e brincando, enquanto cantava, com sórdidos aventureiros, ignorou o poeta.


E ainda assim o poeta fez pequenas grinaldas de canção, para adornar-lhe a fronte nas cortes do Tempo; e ainda assim ela, ao invés, usava as inúteis tiaras que barulhentos cidadãos atiravam no seu caminho, feitas de coisas sem valor.

E com o tempo sempre que os enfeites feneciam o poeta vinha oferecer-lhe suas grinaldas de canção; e de novo ela se ria dele e usava as tiaras desprezíveis, se bem que essas sempre murchavam com o cair da noite.

E um dia em sua amargura o poeta censurou-a, dizendo:

“Formosa Fama, mesmo pelas estradas e pelos atalhos não te recusaste a rir e bradar e gracejar na compania de homens ignóbeis, e eu tenho laborado por ti e sonhado contigo e tenho merecido apenas tua zombaria e teu desprezo.”

E Fama deu-lhe as costas e seguiu caminho, mas ao partir ela olhou por sobre o ombro e sorriu para ele como nunca havia sorrido antes e, falando quase num sussuro, disse:

“Eu me encontrarei contigo no cemitério atrás do asilo de pobres, daqui a cem anos.”



“The Assignation”, do livro “Fifty-One Tales” (circa 1915), de Lord Dunsany.

18 de jun. de 2010

Sal Amargo

Aparta-nos da multidão ao destacar o que há de igual em nós

Cheia até a borda é a vida
quando não se sabe viver

Ontem nós não somos
vimos o futuro passar e nem adeus acenamos
Hoje se fez tarde nas décadas
de intragável silêncio
Rompantes sem importância fazem valer a pena

Donde vamos buscar histórias de preencher o tempo
sem saber caminho ou razão
Exibindo a marca de nascença que
nos traz a morte
Sobre nossas cabeças um sol
que sabe a escuridão e doce enfado
E uma mulher abre mão de si como todas abrem

(dor de cabeça de fome e tabaco que me traz novas linhas
enquanto pedestres e bicicletas passam por mim)

Não levamos nossas fronteiras aos céus
visto que os céus não alcançamos
Somos criaturas do chão sonhando
o dia que há de amanhecer em nossa consciência

Apaga a luz e vai dormir

28 de mai. de 2010

Notícia Sobre a Recente Viagem do Verme à Sua Terra Natal e Suas Conseqüências

Era uma vez um verme cuja grande ambição era ser verme; ambição que, diga-se de passagem, custava-lhe grande esforço para ver realizada. Assim, quando seu desespero alcançava o limite do suportável e a ocasião exigia (leia-se: seus velhos amigos pediam, sabe-se lá por qual motivo), ele abandonava a carcaça seca em que vivia e arrastava-se para o seu local de origem, onde a vida fervilha como vermes numa carcaça não lá muito fresca nem lá muito seca. Onde, sendo verme e não grande amigo da vida fervilhante, nunca se sentiu à vontade, aceitando o desafio mais por inércia do que por outro motivo.

Fazendo isso, deixava de lado sua rotina que incluía deixar seus dispersos pensamentos e sentimentos expressos num meio moderno que não combinava consigo e tomar conhecimento dos pensamentos e sentimentos (quiça dispersos) de outras criaturas que, ainda que pudessem ou não ser vermes como ele, pareciam ter mais (ou menos) a expressar: trocar essas impressões, apesar do estranho medo que elas lhe causavam, era o maior prazer que vinha sentido nos anos recentes de sua aleatória existência — e uma falha nessa rotina representa uma perda irreparável da qual ele se ressente muito, visto que ela retira de sua vida o que de mais essencial há nela — ou seja, a qualidade de ser verme. Foi-se, mesmo assim.

Poderia ter se encontrado com aqueles que lhe ensinaram o caminho, mas conseguiu — sem muito esforço — perder a chance.

Poderia ter reencontrado muito mais pessoas queridas do seu passado que chegou a encontrar. De novo, falhou.

Poderia ter trazido consigo recursos suficientes para tornar sua vida e a de seus próximos um pouco melhor. Ainda nisso fracassou.

Hoje, ele está de volta à carcaça seca onde se sente menos sem lugar, mas impossibilitado, devido à sua natural incompetência em administrar a própria vida, de tentar reatar os poucos laços que ainda não conseguiu destruir e buscar o caminho da realização de sua ambição; por força do hábito, revolve-se na autocomiseração e verborragia, engolfado pelo calor e a poeira do fim de mundo.



Pode-se acusá-lo de tudo, menos de ser infiel à sua rotina...

20 de abr. de 2010

E, de novo com vocês, o farsante!

Aqui ainda estou, para nossa surpresa!

Quando iniciei este blog, não sabe o rumo que tomaria... e ainda não sei!

Só o que sei é que ele tem me dado mais alegrias nos seus dois anos de existência que nos meus quarenta e seis de idade. E muito disso tem sido pelos poucos mas inestimáveis leitores que aqui vêm de vez em quando. Só peço perdão pela falta de reciprocidade; não é intencional, acreditem.

Continuo tentando agir direito, mesmo sem talento para tanto.



E que mais posso dizer senão OBRIGADO!

2 de abr. de 2010

Contagem Regressiva

46 anos de idade.

O mundo cada vez menor.

O tempo cada vez mais curto.

Os amigos cada vez mais distantes.

Os sonhos, sempre impossíveis...




Faz sentido!

13 de fev. de 2010

Abram Alas, é Carnaval!


Aqui não.

6 de fev. de 2010

E o Maldito Silêncio...

Todas as melodias que eu capto no vento, no chão, na chuva, nas paredes, nas vozes...

Todas as harmonias que passeiam pela minha mente que passeia por mentes alheias...

Todos os ritmos que chacoalham meu exausto corpo de fogo...

... tudo o que eu não sei traduzir em música.



Nem o sono se parece tanto com a morte quanto isso!

1 de fev. de 2010

Imaginem...

Um mundo em que as promessas sempre serão quebradas.

As misérias sempre serão as alheias.

A Esperança sempre aguardará no fundo da caixa.

Vítimas sendo sempre vítimas, mesmo quando são algozes.



Imaginem...

31 de jan. de 2010

Perdida na multidão, ela foi

Eu nunca escrevi sobre amor aqui. Eu nunca escrevi nada que fosse real. Nunca achei que precisasse.

Até que ela me achou, perdido na vida. Até hoje.

Hoje, eu não sei aonde ela se perdeu, ou se fui eu que a perdi. Hoje, eu estou perdido na multidão, procurando por ela. Por ela que eu não quis achar quando podia...

Vera Lucia, luz verdadeira de minha vida perdida.

Perdição de minh’alma. Perdição de mim mesmo. Perdoe-me, luz que não iluminou as trevas que não queriam a luz.

A vela que amaldiçoava a escuridão apagou-se. Adeus.

Canto Triste de uma Adaga Enferrujada

Vocês sabem que eu nasci antes de vocês, antes do ferro, antes do bronze, antes do aço; e vocês sabem que eu sobreviverei aos seus escombros — em queratina, em esmalte, em marfim: eu sou o dente de tudo que vive, de tudo que mata.

Vocês sabem o quanto devem a mim, o quanto me amaram antes. Mas agora me rejeitam; então inventaram essa maldita prisão, essa bainha que me oprime, essa escuridão que cega a ambos, a mim e a vocês.

Paz, disseram vocês. Chega de sofrimento e mortes, disseram vocês. Chega de derramar sangue.

E em que sua “paz” resultou, senão num caudal de sangue ainda mais largo, ainda mais profundo, ainda mais gratuito? Sua inteligência serviu para outra coisa senão tornar a carnificina banal, algo que qualquer criança pode infringir a qualquer um — e qualquer um infringir a qualquer criança? Não foi institucionalizada a covardia imbecil do chumbo e da pólvora, da dinamite, do urânio, dos germes até, em nome de sua suposta “paz”?

Para isso me aposentaram, para isso me aprisionaram? “Chega de derramar sangue”?


... e para que serve o sangue, senão para derramar?

Ouçam minha profecia: chegará o dia em que, destituídos de seus malditos projéteis, imunizados de suas abjetas doenças, privados de seus imundos combustíveis, agastados de sua nojenta complacência com a miséria que alimenta vidas inúteis, cercados pelos cadáveres que sua volúpia homicida não pode assassinar outra vez, vocês se voltarão para o passado — implorando perdão, acariciando a empunhadura azinhavrada e clamando para que eu saia de minha prisão e lhes conceda a “paz” que não merecem.

E minha lâmina, quebradiça como folha seca pela ferrugem a que vocês a condenaram — minha sede de sangue há muito esquecida — se desfará em pó contra suas gargantas — imagem da esperança de repouso que vocês acalentaram em vão.

23 de jan. de 2010

O que foi, sem nunca ter sido

“Quizá la historia universal es la historia de la diversa entonación de algunas metáforas”.
Jorge Luiz Borges, "La Esfera de Pascal" in "Otras Inquisiciones" - 1952.



Na minha opinião, História é um trançado temporário de elipses sortidas.

15 de jan. de 2010

Bestiário

Um escorpião mora em minha língua. Pela minha voz ele ataca, sem provocação, àqueles com quem falo: envenena prazeres, apodrece solicitudes, mumifica esperanças. Não riria disso, mesmo que pudesse.

Uma cobra-cega mora nos meus olhos, enrolada neles. Ambos só eles. Ambos sem cor. Ambos ambidestros. Ambos inúteis.

Um ninho de vespas mora em meus ouvidos. Os sons do mundo me chegam borrados, indistintos, perigosos — carregados de ameaças que o mundo não me faz, destituídos das promessas que não me alcançam, barulhentos num mundo em que silêncio é morte e a morte é ruído. Esse constante ruído — esse ruído constante — esse ruído — ruído — ruído — ruído —

Uma lampréia mora em minha pele e ossos, só boca e dentes e língua sem mandíbula, parasita de outros peixes — coisas — idéias — pessoas. E esses não sabem que eu estou lá. Ou não querem saber.

Um lobo mora, faminto, em minhas vísceras. Se você me encontrar, fuja ou mate-me. Não fará diferença, desde que eu não o alcance primeiro.

Um elefante mora em meu fígado. Quanto mais eu me entorpeço, mais ele me regenera — para sofrer do envenenamento de novo. E ai de quem cruzar os meus passos.

Uma jibóia mora em meus braços e pernas: eles se enroscam em você e tiram seu fôlego bem devagar. E depois eu vou ficar imóvel por seis meses, digerindo, esperando. Esperando outro você. Esperando o mesmo você de sempre.

Um formigueiro mora em meus pés. Não tenho objetivo senão seguir irracionalmente em frente, não tenho descanso senão na morte que não chega nunca.

Um abutre mora em minhas veias, comendo a carniça da civilização, rapinando idéias mortas de sábios esquecidos, esperando que os sábios lembrados morram. Pois eu tenho fome.

Uma tartaruga gigante mora em meu cérebro. Conheço o mundo com remelentos olhos seculares, masco conhecimento com um seco bico córneo, defeco pedras fúnebres: desprezo o passado, desprezo o presente, desprezo o futuro; desprezo a mim mesmo. E ainda estou aqui.

Vermes moram em meu coração.

7 de jan. de 2010

An Dàn: O Lobo à minha Porta, o Esqueleto em meu Armário

Quando eu nasci, meu destino estava traçado: eu deveria ser mais um escravo das circunstâncias.

Quando eu descobri que era escravo, eu me revoltei mas ‘meu sangue’ falou mais alto e eu me calei.

Quando eu quis proteger ‘meu sangue’, me resignei: troquei minha liberdade pelo conforto de ser ‘normal’.

Quando eu quis aproveitar a vida ‘normal’, joguei-a fora: fiz tudo o que os meus donos esperavam que eu fizesse.

Quando eu percebi meu erro, era tarde demais e a próxima geração colherá agora os frutos podres de minha semeadura.

Hoje estou a beira do nosso abismo comum, olhando para o futuro com olhos miraculosamente límpidos.

Se arrependimento matasse...



An Dàn: “destino” em gaelico.

2 de jan. de 2010

Começou de novo!

Lá vamos nós abraçar o Eterno Retorno por mais 365 dias.

Ano que começou como os outros: festas e catástrofes misturadas. Esperanças e medos misturados. Solidão e companhia misturados.

Tudo misturado, como sempre... Bem, assim somos nós.

Aproveitemos o máximo do que vier!