15 de jul. de 2009

Responsabilidades

Na introdução do livro “Smoke and Mirrors”, Neil Gaiman escreve:

“... e eu me pergunto de onde vêm as histórias.

É o tipo de pergunta que você se faz quando sua profissão é inventar coisas. Eu ainda não estou convencido de que essa seja uma atividade adequada para um adulto, mas agora é tarde demais: pelo jeito tenho uma carreira de que gosto e que não envolve acordar cedo de manhã. (Quando eu era criança, adultos me diziam para não inventar coisas, me prevenindo do que aconteceria se eu o fizesse. Até onde posso perceber, inventar coisas parece envolver muitas viagens ao estrangeiro e não ter de levantar cedo de manhã.)”

Minha situação é um pouco mais complicada, já que não escrevo profissionalmente e não sei até hoje que atividade seria adequada para um adulto; assim, eu continuo simplesmente não fazendo nada. Ou melhor, escrevendo de vez em quando, só para ver se ainda sou capaz.
Eu preferia não ter me tornado adulto mas, como bem disse Humpty Dumpty para Alice atrás do espelho (e eu suponho que seja do conhecimento geral), são necessárias duas pessoas para se parar de envelhecer e eu nunca encontrei ninguém disposto a continuar eternamente criança comigo. Talvez haja algum terrível preço a se pagar pela infância eterna, como nos contos de terror ou de fadas; eu não sei e duvido que mais alguém saiba.

Honestamente, eu não sei porque estou começando de novo, exceto talvez por ter sido a única coisa capaz de tornar minha vida tolerável por dois anos; às vezes me pergunto como é que vivia antes. Felizmente não me lembro dessa parte da história.

Eu não sei de onde vêm as histórias nem os pensamentos nem os sentimentos. Sei que, vira e mexe, eles aparecem como os beija-flores em frente a minha janela. Espero continuar sendo rápido o bastante para perceber quando eles estiverem lá, assim vocês saberão também.

E o que é melhor:
pra isso não preciso acordar cedo!

2 contrapontos:

FOXX disse...

Alice e o Pequeno Príncipe deveriam tomar um lugar da bíblia, definitivamente!

ex-amnésico disse...

Ah, se a Humanidade soubesse escolher seus livros sagrados...