Espelhos
Agora você vê — agora não vê mais,
Com olhos de enxergar e a mente a entender.
Moldar o real para poder nele viver,
E perder o sentido da vida que há por trás.
Não há razão para ter medo e mesmo assim
Tememos o começo e odiamos o fim;
Oh, o que será de nós, o que será de mim?
Obedecer ao “não” e combater o “sim”.
Agora você vê — agora não vê mais,
Com olhos de enxergar e a mente a entender.
Além de tudo que ainda há por conceber,
Inalcançável para sempre o prêmio jaz.
Toda nossa indústria e toda nossa astúcia
Não mudam nossa quimera em coisa lúcida;
Buscando a plenitude em sua forma justa
No vidro frio do enigma a marcha acaba, brusca.
Nem esperança nem desespero temos,
Seguimos vivos apenas porque vivemos.
Com olhos de enxergar e a mente a entender,
Agora você vê — agora não vê mais.
Fumaça
Teias vivas, vivas,
Nascem, sobem, rumorejam;
Fumaça multicor.