29 de out. de 2008

Non sequitur

Estou de volta ao fim de mundo; minha estada a trabalho no ABC paulista foi mais longa do que previsto e na maior parte, pura perda de tempo. Tanto que, logo chegando aqui, fui chamado de volta...

Não fui: posso perfeitamente perder tempo em casa.

Meu velho computador pifou; com peças e sucatas que trouxe da viagem montei outro computador velho. Ele não tem se adaptado muito bem ao calor e a energia elétrica intermitente daqui, mas sou insistente: espero tê-lo em pleno funcionamento até o final desta semana.

Não sei como retomar minha rotina tão rudemente interrompida; suponho que deva começar visitando a blogosfera a partir da época em que parti: talvez funcione.

Esperava reencontrar minha criatividade, ou o pouco dela que me resta, para juntos tentar entreter os poucos visitantes que ainda não perderam a paciência conosco. Mas ela se foi: não deixou bilhete explicando o motivo; na verdade, nem seria necessário. Ela apenas se foi...

O ausente está de volta, mais ausente de si mesmo do que nunca.



Bem-vindos a minha casa vazia.

27 de out. de 2008

Crise econômica 5 x Notas de um Amnésico 0

Há coisa de um ano (1/11/2007), o Bruno dos acepipes escritos / citados descobriu um blog capaz de calcular (por critérios que até hoje não entendo, mas, enfim...) o valor comercial em dólares de um blog. Movido por natural curiosidade, naveguei até lá e qual não foi minha surpresa ao descobrir o suposto valor de minhas Notas:

My blog is worth $4,516.32.
How much is your blog worth?



Nada mal para um blog pretensioso e sem graça, hein? Agora, não tendo nada melhor para fazer e mais uma vez curioso quanto aos possíveis efeitos do atual momento conturbado da economia mundial, refiz a avaliação:


Preciso dizer mais?



Eu digo: devia ter vendido enquanto valia alguma coisa!

23 de out. de 2008

Nota de falecimento:

Noticio o passamento do microcomputador Intel Pentium™ geração II/PCChips M747 BX-Pro™, de que fui o estressado proprietário; atendia pela alcunha de “ferro-velho” (Junkyard Fantasy, quando de suas participações na Parada do Orgulho GLBT). Não foi possível verificar a causa mortis, tão misteriosa quanto os inúmeros travamentos, chiliques e bebedeiras a que era dado, o pobre.

Deixa os periféricos: monitor Sampo™ (3ª união), teclado Satellite™, mouse Genius™, unidade de leitura de CD-ROM SONY™ e as placas offboard: fax/modem U.S. Robotics™, LAN VIA Rhine III™ e vídeo Trident™, além de leitor de disquetes 3½” e dispositivo de memória RAM de 128 MB (ambos “genéricos”), HD Fujistu™ de 8 GB (2ª união) e os sistemas operacionais Windows NT4/98/2000™; a fonte de alimentação, genérica, encontra-se em estado de coma induzido e suas chances de recuperação são incertas.

Sua última vontade expressa, segundo o documento electric_funeral.txt, foi ter seu gabinete embalsamado com óleo desengripante e vaselina retificada, envolto em faixas de plástico-bolha e transladado para o Egito, sendo então depositado no chamado "Sarcófago" da Câmara do Rei na Grande Pirâmide de Gizé, na planície do mesmo nome na cidade do Cairo.

(A vontade atual do proprietário é reduzí-lo a pó com uma marreta de 5 quilos).

Seu epitáfio:

01000110011011110110100100100000011101000111010101100100011011110010 000001100011011101010110110001110000011000000010000001100100011011110010 0000010000100110100101101100011011000010000001000111011000010111010001100101011100110010000000100001

Traduzido do código binário:

Foi tudo culpa do Bill Gates!

2 de out. de 2008

Inventário de idéias perdidas

Eu tinha uma idéia fantástica para postar agora. E esqueci...!


Isso tem que ficar registrado! Agora!!



Tenho algo a confessar: eu não esqueci a idéia, encontrei anotada num saquinho de papel marrom no bolso da minha calça!

Aliás, não era para este blog, mas para "Os Doentes".

E nem era uma idéia tão boa assim...

1 de out. de 2008

(Walkin' Thru The) Sleepy City*

Não nasci aqui, mas pouco importa, minha cidade natal fica a quarenta minutos de caminhada (meia hora, com tempo bom, se eu estiver disposto); apenas tirei um tempo para caminhar por essas ruas que eu desconheço tão bem, depois da chuva que caiu.

 

It’s always raining in Sunny Side Road...**

 

Fico pensando em vida e fracasso. Vida não é nada demais, estamos todos nessa; já o fracasso me fascina desde muito tempo: gostaria de sentir que não fiz nada de minha vida, que meu tempo aqui foi jogado fora (já ouvi isso, mais de uma vez) e que, de alguma forma, a posteridade vai me cobrar o que não realizei. Sentir o peso do fracasso, enfim. Quase senti isso na adolescência.***

 

Não sinto isso. Não sinto nada, na verdade.

 

Por alguma razão meio obscura, gosto disso: sinto-me como Kwai Chang Caine, exilado de um país que não era o seu (de todo, pelo menos) para um outro país que também não era o seu, tentando viver segundo uma filosofia que funciona dentro de templos Shaolin. O detalhe marcante é ter de vivê-la num ambiente que a ignora, quando não despreza.

E então a chuva recomeça a cair. Lembro de quanto andei debaixo da chuva por essa cidade, vendo o movimento nos bares, nas igrejas, nas casas e fábricas, me perguntando o porquê de tudo aquilo, o porquê de mim mesmo naquilo tudo.


Estou aqui por causa dos meus amigos.


Até hoje, não encontrei resposta àquelas perguntas e estranhamente, eu, que já fui apelidado de 'porquê' por uma mãe desesperada de não encontrar explicações que satisfizessem o filho curioso, não faço a menor questão de ter respostas, creio que entendi o significado das perguntas: lila.


Sânscrito - लीला. Passatempo.


Faço perguntas porque tenho capacidade de fazê-las e não porque elas tenham de ser respondidas. E o Universo me dá material para formular novas perguntas porque talvez, como eu, não tenha nada melhor para fazer...

 

 

 

*Título de canção do álbum "Metamorphosis", Rolling Stones, 1975.

**Trecho de "Exquisitely Bored", do álbum "All the Best Cowboys Have Chinese Eyes", Pete Townshend (The Who), 1982.

***Mas afinal, quem não sentiu?