17 de dez. de 2008

Feliz Ano Morto

“Vamos, vamos. Eu lhe direi onde estamos. Estamos na mais remotamente distante região da mente humana, um subterrâneo difuso e  inconsciente. Um radiante abismo, onde as pessoas encontram-se consigo mesmas...

Inferno, Netley. Estamos no Inferno.”

("From Hell", de Alan Moore e Eddie Campbell)


Uma criança largada confiante nos braços da mãe.
Uma criança atirada negligentemente num rio.

Um curimbatá tirado do rio, mordendo o anzol.
Um rio morto onde capivaras nadam.

Nós que construímos casas em encostas de morros.
Nós que morremos com as chuvas que não queremos.

Uma criancinha comendo terra na porta da minha casa.
Uma prostituta de onze anos sendo morta pelo seu gigôlo.

Nós, que temos medo.
Nós, que disparamos um 'pente' de 15 balas contra nós mesmos.

Uma mãe ralhando com o filho mijão.
Um menino enfrentando sozinho os monstros das trevas.

Um idiota que escapa de uma sapatada.
Os prisioneiros de Guantanamo.

O aquecimento global.
O resfriamento do mundo.

Os economistas.
Os cegos que guiam cegos.

Tua mãe.
Nossa Mãe.

As mentiras dos que sabem.
As verdades dos que calam.

Nós, que somos o que somos.
Nós, que não valemos o que cagamos.

E a chuva cai.

9 contrapontos:

Welker disse...

E esse é o fruto do tal 'inferno astral'? Devo admitir que seu inferno astral me fez bem ao ler isso...

Welker disse...

isso soou egoísta da minha parte, desconsidere o comentário.

ex-amnésico disse...

Não mesmo!

Anônimo disse...

É apenas a representação de uma verdade. Nós mesmos é que somos os culpados de nossos fracassos e infelicidades. Pura filosofia.

Um abraço.

Grazi disse...

Cara! Que rápido! Admiráveis Palavras Novas já está na aqui! o.O

Boas festas! ;)

Grazi disse...

Ignore o na :P

Margareth Bravo disse...

Olá!!!
Tenho a mesma sensação, esperava mais desse ano "morto" e mesmo retroativamente, continuarei esperando e talvez agindo, com as pequenas sementes de minhas possibilidades. Sei que nossa impotência diante do sistema é um limite, mas me recuso a aceitar que barreiras não possam ser derrubadas ou transformadas. A Arte, a poesia, o livre pensar, a caacidade humana de se reiventar, ainda me acenam, como um ar puro a oxigenar nossas existências! Um grande e vivo abraço!!!
obs. Prazer em conhecer seu blog!!!

Carlos disse...

Essa imagem da criancinha comendo terra me parece tão familiar.

Agora não sei se eu li isso em algum lugar, ou se eu tinha hábitos estranhos quando pequeno e que meu cérebro bloqueou o acesso a essas lembranças.

Isolado disse...

BRAVO! BRAVO!

...vai ser na (E) misona?.

Muito bom...



ps: Ficou da hora o Rammistein...,
cê é foda mesmo hein Mr.Conan!